Toda felicidade, saúde e riqueza que você tiver na vida será resultado direto de sua capacidade de amar e ser amado.
livro A Arte de Amar e ser Amado – Rober Holden
Lista Básica do Amor Verdadeiro
A seguir, o autor apresenta a Lista Básica do Amor Verdadeiro, que identifica os 10 erros mais comuns sobre o amor que podem trazer sofrimento aos relacionamentos. Essa lista vai fazê-lo ver os equívocos que está cometendo, reconhecer a verdadeira causa da dor, aprender as lições necessárias e, acima de tudo, escolher um caminho melhor.
1. Isso é amor ou medo? O medo básico de não ser digno de ser amado é a principal causa de todo sofrimento. Quando você se identifica com ele, provoca muitas lágrimas. O medo não é verdadeiro, mas, se você acreditar nele, lhe dará poder. Sentir-se indigno de amor faz com que você rejeite sua eterna beleza e se torne apenas um personagem, na esperança de que isso atraia a afeição dos outros. No entanto, como rejeitou a si mesmo, você teme que todo mundo o rejeite também, principalmente quando souberem a verdade a seu respeito.
Quando você acredita que não merece ser amado, se fecha, fica na defensiva e se comporta de maneiras nada afetuosas, que só aumentam sua dor. Você também sofre quando o medo parece triunfar; por exemplo, quando o amor “muda” na relação, quando ele não parece ser suficiente e quando o relacionamento termina. Entretanto, quando você para de amar, sofre ainda mais. Apenas amando você pode enfrentar o medo, curar o sofrimento e seguir adiante.
2. Isso é amor ou dependência? Muitos psicólogos veem a dependência como uma das principais fontes de sofrimento. Eles nos aconselham a não depender de ninguém para não nos machucarmos. Uma maneira de neutralizar o medo da dependência é ser totalmente independente dos outros. No entanto, isso causa o mesmo sofrimento. A independência se parece com a liberdade, mas na realidade é um beco sem saída. Ela nos isola. Imagine se você não tivesse nenhum relacionamento em sua vida.
Isso pode até soar interessante em alguns momentos, mas na maior parte do tempo não dá nem para imaginar viver assim. Precisamos nos relacionar para crescer e evoluir. Aprendemos a amar e a ser amados por meio das interações com as outras pessoas.
A dependência saudável nos permite pedir ajuda, nos abrir aos outros e não tentar tocar a vida sozinhos. A dependência doentia acontece quando nos sentimos indignos e vemos os outros como fonte de amor. Isso nos leva a atribuir aos outros a responsabilidade de fazer com que nos sintamos merecedores de amor. Acreditamos que é tarefa deles nos fazer sentir plenos, seguros e conectados ao mundo, bem como curar nossas feridas e nos valorizar.
As pessoas podem inspirar você a se sentir digno de ser amado, mas não podem fazê-lo se sentir assim. Ter consciência do seu valor é obrigação sua, de mais ninguém.
3. Isso é amor ou apego? Você consegue saber a diferença entre se sentir conectado ou apegado a alguém? Quando você ama uma pessoa, sente uma conexão que desafia as leis da física. Você se sente ligado a ela desde o primeiro momento em que a conheceu. Vocês se sentem conectados mesmo se morarem a quilômetros de
distância, se ficarem muito tempo sem se falar ou mesmo se um está na Terra e o outro já partiu.
Quando você tem apego por uma pessoa, pode até achar que o amor os conecta, mas grande parte do que você sente é medo, ansiedade e dor. O apego exige que a relação mantenha sempre a mesma forma. O sofrimento surge quando essas exigências não são cumpridas e os relacionamentos mudam. Os filhos crescem e saem de casa. Os pais se divorciam e saem de casa. Nosso melhor amigo se casa e se afasta. Nós nos casamos e nos divorciamos. Pessoas que amamos morrem. Sofremos pela perda da “forma” com a qual nos sentíamos seguros. Isso é compreensível, mas é importante lembrar que não existe perda no amor – não quando você se sente realmente conectado com o outro.
4. Isso é amor ou expectativa? O que você espera de sua mãe? O que você espera de seu parceiro? E de seu filho? E do mundo? Sempre que suas expectativas não são atingidas, você se sente desapontado, abandonado, zangado e magoado. As expectativas parecem inocentes, mas trazem objetivos secretos, planos e exigências para conseguir alguma coisa. Cada expectativa é definida por um determinado período, e, se você não conseguir o que quer nesse tempo, a bomba explode. As expectativas são baseadas no medo. Elas são um esforço para agarrar o que deseja, em vez de esperar que a coisa venha até você. Quanto mais você teme não conseguir o que quer, mais expectativas inclui na lista. As expectativas são frustrantes porque surgem a partir de uma atitude que bloqueia a receptividade. Elas criam uma barreira entre você e o outro. O amor não aceita reivindicações porque uma atitude amorosa é baseada em ser, e não em dar e receber. Em outras palavras: o amor o ajuda a ser o que você quer dar e receber.
Veja uma lista de expectativas comuns que provocam sofrimento nos relacionamentos. Cada expectativa que você elimina de sua lista o liberta para amar e ser amado.
• Eu espero ser amado por todos.
• Eu espero que as pessoas que eu amo me amem também.
• Eu espero que as pessoas que eu amo me amem mais do que as outras.
• Eu espero que os outros saibam como preciso ser amado.
• Eu espero que as pessoas me amem da maneira que eu as amo.
• Eu espero que as pessoas que eu amo saibam dos meus sentimentos.
• Eu espero que os outros me amem sem segundas intenções.
• Eu espero que os outros me amem sem me fazer sofrer.
• Eu espero que os outros me amem todo o tempo.
5. Isso é amor ou uma troca? “Você não pode ficar magoado a não ser que esteja dando com o objetivo de receber”, diz Chuck Spezzano. Imagine que você está andando na rua. Uma pessoa desconhecida se aproxima, você sorri, diz “Olá” e ela não responde. Como você se sente? Você se sente tolo? Se sente rejeitado? Fica ofendido por ter sido ignorado? Se você sente qualquer tipo de mágoa, é porque esperava que aquela pessoa lhe desse algo. Seu “Olá” não foi uma saudação; foi uma troca. O que você queria? Atenção? Conexão? Amor?
Quando você dá amor para conseguir amor, a relação acaba em lágrimas. O amor não é algo para ser conseguido. Você não pode ter o amor das pessoas da mesma forma que consegue uma lata de refrigerante em uma máquina. Se você dançar nu na frente das pessoas, é provável que consiga atenção e até alguns aplausos, mas não amor. Se você dá amor para tê-lo de volta, acaba se sentindo desapontado e ressentido. Quando você dá amor sem cobrar nada, sente-se digno de ser amado, sem se importar com o retorno.
6. Isso é amor ou sacrifício? Existem dois tipos de sacrifício: o doentio e o saudável. Um é baseado no medo e o outro no amor. Saber a diferença entre eles é o segredo para entender como amar e ser amado. Ao longo dos anos, aconselhei muitos casais que tentaram usar o sacrifício doentio para salvar um casamento. Essa técnica parecia funcionar num primeiro momento, mas o amor e a desonestidade são inimigos. Já vi namoradas tentando se diminuir para resolver disputas de poder e evitar a rejeição do parceiro. Já vi crianças adoecerem numa tentativa desesperada de salvar a relação dos pais. Já vi homens de negócios quase se matarem para defender seus interesses. O sacrifício doentio muitas vezes é bem-intencionado, mas não é eficaz porque é baseado no medo, e não no amor.
O sacrifício saudável é diferente. Para ser feliz num relacionamento, você tem que estar disposto a sacrificar o medo pelo amor, a independência pela intimidade, o ressentimento pelo perdão, velhas feridas por novos começos, e assim por diante. Mas também precisa parar de fazer concessões e aprender a ser você mesmo. Você faz concessões quando não é verdadeiro consigo mesmo, quando finge, quando não reclama, quando não pede o que quer, quando não ouve a si mesmo e quando não se permite receber.
Lembre-se de que qualquer coisa que você queira conquistar com o sacrifício doentio também pode ser alcançada sem ele.
7. Isso é amor ou encenação? Duas pessoas que se relacionam representam diversos papéis. Eles são intercambiáveis, espontâneos e inofensivos quando ambos estão felizes. No entanto, quando as coisas não estão bem, os personagens se tornam mais fixos e rígidos. Eles marcam sua posição e seu ponto de vista no relacionamento. Isso é doloroso, pois você já não sente que faz parte da mesma equipe. Esse distanciamento pode provocar disputas de poder e mais conflito.
Os personagens rígidos em geral são criados na infância, tendo origem no medo de não merecer amor ou na crença de que não é amado o suficiente. Interpretar um personagem é uma estratégia para conquistar afeto e afastar o sofrimento. Infelizmente, essa tática evita que você seja capaz de dar e receber amor. Quando existe um problema no relacionamento, seu dever é descobrir que personagem você está interpretando e pensar nas coisas boas que poderiam acontecer se parasse de representar esse papel.
8. Isso é amor ou manipulação? Você já tentou mudar seu parceiro? Como se saiu? Ele ficou grato? Imagino que você não tenha recebido um bilhete de agradecimento por seus esforços. Você já tentou mudar seus filhos? Eles foram receptivos? Crianças são bons aprendizes, a não ser quando não se sentem amadas. Você já tentou mudar seus pais? Alguém já tentou mudar você? Como se sentiu a respeito disso? Você se sentiu mais amado? Você está sentindo mais amor por essa pessoa que quer mudá-lo?
Um erro comum nos relacionamentos é a crença de que o amor vai acabar mudando a pessoa. Você não pode amar alguém e querer que ele mude. Para começar, quando você tenta mudar as pessoas, elas não se sentem amadas. No máximo, sentem-se julgadas e rejeitadas. O amor não tenta mudar os outros porque não vê falhas na verdadeira essência de ninguém. O amor pode ajudar a pessoa a se desenvolver e a revelar o que ela tem de melhor, mas você não verá esse lado se não amá-la incondicionalmente. O paradoxo do amor é que quando você deixa de querer que o outro mude é porque você mudou, e essa mudança possibilita que você o ame ainda mais.
Faça a si mesmo as seguintes perguntas:
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando consertá-la?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando melhorá-la?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando salvá-la?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando curá-la?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando instruí-la?
9. Isso é amor ou controle? “Quando um homem e uma mulher se casam, eles se tornam um. O problema começa quando eles tentam decidir qual dos dois eles serão.” Essa piada reflete um problema comum nos relacionamentos, que é a disputa de poder. Isso acontece não apenas entre casais, mas também entre pais e filhos, entre irmãos e até mesmo entre amigos. Em qualquer relação, as pessoas precisam desistir de tentar controlar uma à outra para poderem experimentar a amizade e o amor verdadeiros. Quando uma disputa de poder é resolvida, ambas as partes se sentem mais iguais, mais conectadas e mais amadas.
O controle é uma forma de medo. Quando você tem vontade de controlar o relacionamento, é porque está com medo de perder o amor do outro. Infelizmente, quanto mais você tenta dominar a relação, menos amoroso se torna. Se apenas um de vocês estiver autorizado a assumir o comando e tomar decisões, pode estar certo de que terão problemas. Se você controla demais uma pessoa, ela fica menos interessante e atraente aos seus olhos. Um relacionamento regulado não é divertido, não tem energia, não tem vida.
Faça a si mesmo as seguintes perguntas:
• Estou amando essa pessoa ou estou apenas evitando correr riscos?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando protegê-la?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando me proteger?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando manter a paz?
• Estou amando essa pessoa ou estou tentando prendê-la?
10. Isso é amor ou autodefesa? Se você acredita que o amor magoa, terá medo de amar e de ser amado. O medo de amar faz com que você queira se proteger do amor. Seu ego cria um arsenal de defesas que o impede de se entregar demais ou com muita facilidade. Você utiliza essas defesas para se sentir seguro, no controle e protegido emocionalmente. Até entender que o amor não provoca sofrimento, essa será sempre a sua impressão sobre ele. Se você estiver disposto a mudar a forma como o vê, pode começar a experimentá-lo de maneira diferente. Quando você abre sua mente para a crença de que o amor não machuca, para de ter tanto medo de amar. À medida que você começar a desativar algumas de suas antigas defesas, verá o curso do afeto fluir com mais suavidade. Toda vez que vocêelimina uma mágoa, sente mais amor. No fim, a ausência de autodefesas o deixa aberto para uma experiência de amor de verdade.
“Só uma palavra nos liberta de todo o peso e da dor da vida; essa palavra é o amor.”
SÓFOCLES
Uma prática diária
Veja a seguir uma lista de atividades que ajudam a encontrar o caminho do amor.
Harmonização: “100 Respirações” é uma prática de harmonização que faço todos os dias. A ideia é dedicar 100 respirações ao amor. A cada respiração você se abre para a presença do afeto e deixa que ele se revele em sua vida. Você entra em sintonia com um amor que já está aqui, que é infinito, completo, constante e onipresente. Você não criou esse amor; ele criou você. Ele está à sua disposição e o abençoará, o guiará e o inspirará, se você permitir.
Dedicação: A prática de dedicar seu dia ao amor é um ato de entrega. Ao afirmar “Eu dedico o dia de hoje ao amor”, você convida o amor a ficar no comando de seus relacionamentos, de seu trabalho, de seus planos e de tudo o mais. Existem muitas práticas maravilhosas para consagrar o dia. A oração de São Francisco é minha preferida. Em Um curso em milagres, uma das lições é: “O hoje pertence ao amor. Não me deixe ter medo.”
Questionamento: Escolha uma pergunta como um foco para seu dia e medite sobre ela. Aqui estão alguns exemplos de questionamentos sobre o amor:
“Como posso ser uma pessoa mais amorosa?”
“Como posso ser afetuoso?”
“Como posso ser mais atencioso?”
“Como posso ter mais compaixão?”
“Como posso ser mais romântico?”
“Como posso ser mais gentil?”
Meditação: A prática budista tibetana de Metta Bhavana, ou Meditação do Amor Incondicional, se divide em cinco partes. Primeiro você oferece amor incondicional para si mesmo. Isso o ajuda a cultivar a compaixão por você e a estender o amor incondicional aos outros. Na segunda, você estende o amor incondicional para uma pessoa querida. Isso ajuda a cultivar a consideração. Na terceira parte, você estende o amor incondicional para um estranho. Isso ajuda a cultivar a generosidade. Na quarta, você estende o amor para alguém com quem tem conflito. Isso ajuda a cultivar o perdão. Na última, você estende o amor para o mundo. Isso ajuda a cultivar o sentimento de singularidade.
Criatividade: Existe uma linda reciprocidade entre criatividade e amor. O amor é criativo e a criatividade nos ajuda a expressá-lo. Descubra seu talento artístico. Se você gosta de cozinhar, cozinhe com amor. Se gosta de jardinagem, plante. Se gosta de cantar, cante. Faça o que gosta de fazer, e faça com amor.
Ações: Transforme o amor em uma prática diária, fazendo todos os dias algo que o ajude a se lembrar de que o amor é a sua verdadeira natureza. Medite. Ore. Dance. Seja voluntário. Doe. Sirva. Manifeste-se. Ouça a voz do amor e saiba que é a voz de Deus. Confie na voz do amor e saiba que ela é a sua voz. Aja com amor. O poeta William Martin diz: “Assuma como disciplina diária descartar uma coisinha; um pequeno medo, uma preocupação simples, um livro desnecessário, um aparelho doméstico que está atravancando, o hábito de fugir, uma pitada de vergonha e de culpa, um desejo que distrai; o que sobrar será o próprio Amor.”