Sobre o Autor

YUVAL NOAH HARARI nasceu em 1976, em Israel. Além do fenômeno editorial Sapiens: Uma breve história da humanidade, traduzido para quase cinquenta idiomas, escreveu Homo Deus e 21 lições para o século 21. É PhD. em história pela Universidade de Oxford e professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. 

A Revolução Cognitiva
Harari designa a memória, a capacidade de aprender e de se comunicar como as habilidades cognitivas que se desenvolveram no Homo sapiens cerca de 70 mil anos a.C. Teve início aí a construção de estruturas mais complexas que hoje chamamos de cultura, ou civilização. O homem começou a expandir seu território, primeiramente no Oriente próximo e, em seguida, em toda a Eurásia. Mais tarde, de barco, também ocupou a Austrália e Oceania. Os primeiros objetos que se podem ser classificados como arte e joias surgiram nessa época.

A Revolução Agrícola
Como consequência de um crescente número de indivíduos em uma mesma região, o Homo sapiens tornou-se sedentário e começou a praticar a agricultura, a pecuária, e domesticou animais selvagens. Harari chama isso de a revolução agrícola. Povoações fixas foram criadas. Deste modo, mais homens puderam alimentar-se. As desvantagens de se fixar em um mesmo lugar eram uma carga de trabalho incomumente pesada, uma dieta menos variada, uma maior densidade populacional nessas regiões, a proliferação de doenças e a busca por sempre mais bem-estar (a “armadilha do luxo”).

Por causa das inseguranças sazonais e climáticas de uma vida campestre, o homem criou reservas de suprimentos. Essas posses acumuladas despertaram, contudo, o interesse de terceiros. Formou-se então um sistema de elites e dominadores para proteger os fazendeiros ou roubar fazendeiros de outros assentamentos. As elites acumularam riquezas e formaram áreas de domínio. Eles firmaram seu sistema por meio de ordens culturais ou religiosas, nas quais todos acreditavam. Para melhor organizar a vida em comum nessas novas condições, o homem desenvolveu meios auxiliares, como o sistema numérico e a escrita, e surgiram estruturas hierárquicas na sociedade.

A unificação da humanidade
Harari designa por união da humanidade o processo pelo qual culturas individuais absorvem outras culturas, total ou parcialmente. Harari também vê aí uma revolução. As bases desse processo são, conforme suas palavras, a ordem do dinheiro, a dos impérios e a das grandes religiões. O dinheiro tornou a troca muito mais eficiente, opondo-a ao escambo; ele facilitou o armazenamento de riquezas e possibilitou o transporte de valores materiais. Harari designa o dinheiro como um produto da fantasia: “A confiança é a matéria-prima com a qual as moedas são cunhadas.” Impérios unificaram diferentes civilizações e criam, assim, uma cultura dominante, a qual continua a se desenvolver, mesmo após o ocaso do império. A religião foi a terceira grande força que contribuiu para a união da humanidade; ela trata da ordem sobre-humana e lhe dá um fundamento estável na forma de normas e valores unitários.[6]

A Revolução Científica
Aproximadamente há 500 anos, teve início a revolução científica, cuja dinâmica se intensificou nos últimos dois séculos. O homem percebeu que, por meio da investigação científica e de novas tecnologias, é possível alcançar poder e riqueza. Os impulsionadores desse desenvolvimento foram o imperialismo e o capitalismo. Ambos tiveram origem primeiro na Europa, e depois também na América do norte e em seus governos e corporações. Surgiram mercados financeiros, que aceleraram o desenvolvimento econômico com base na prospectiva de obtenção de lucro.

Devido aos avanços da medicina, a expectativa de vida aumentou. O número de pessoas no planeta ao longo da revolução científica passou de cerca de 500 milhões no século XVI para mais de 7,5 bilhões. A economia industrial resolveu o problema da escassez e a substituiu, hoje, pela ética do consumo. As consequências disso são a destruição do meio ambiente, a dissolução dos laços familiares, uma crescente influência do Estado no indivíduo e o surgimento de comunidades “inventadas” (por exemplo, estados-nações).

O fim do imperialismo, a paz atômica, um considerável aumento do bem-estar material e os avanços da medicina moldam nosso presente. Harari investiga se o homem está mais feliz hoje e determina que a felicidade depende de nossas sensações subjetivas (ou da falta delas), que são influenciadas pela bioquímica. Depende também do sentido (ou da falta de sentido) da vida. Harari avalia a biotecnologia e o desenvolvimento de vida não-orgânica com grande preocupação, pois eles podem colocar o “design inteligente” no lugar da seleção natural, e o homem não saberá o que fazer com esse conhecimento.


  • Parte um: A Revolução Cognitiva
    • Um animal insignificante
    • A árvore do conhecimento
    • Um dia na vida de Adão e Eva
    • A inundação
  • Parte dois: A Revolução Agrícola
    • A maior fraude da história
    • Construindo pirâmides
    • Sobrecarga de memória
    • Não existe justiça na história
  • Parte três: A unificação da humanidade
    • A seta da história
    • O cheiro do dinheiro
    • Visões imperiais
    • A lei da religião
    • O segredo do sucesso
  • Parte quatro: A Revolução Científica
    • A descoberta da ignorância
    • O casamento entre ciência e império
    • O credo capitalista
    • As engrenagens da indústria
    • Uma revolução permanente
    • E eles viveram felizes para sempre
    • O fim do Homo sapiens
  • Epílogo: O animal que se tornou um deus

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Resumo no portal Medium
Entrevista no programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo (2020)

Bônus: 21 lições para o século 21:

  1. “Os humanos pensam em histórias e não em fatos, números ou equações”. Quanto mais simples a história, melhor.
  2. A mudança do trabalho com a evoluação da Inteligência Artificial e da automação é inexorável. E sobre isso quanto melhor entendemos os mecanismos bioquímicos que sustentam as emoções, desejos e escolhas humanas, melhor os computadores podem analisar o comportamento humano.
  3. Big data (IA) é usado para dizer o que é verdade.
  4. Os donos dos dados (big data) são os donos do futuro.
  5. As pessoas precisam se conectar novamente (não só virtualmente).
  6. As pessoas atualmente se importam muito mais com seus inimigos do que com os parceiros comerciais e brigamos mais com familiares do que outras pessoas.
  7. Temos que combater o ultra-nacionalismo chauvinista. Em vez de acreditar que “minha nação é única” muitos pensam que “minha nação é suprema”.
  8. Combate ao aquecimento global. Por exemplo, com consumo de carne vegetal se economiza 6.800 litros de água por quilo de carne animal.
  9. Imigração: Embora a sociedade tolerante possa administrar minorias mais liberais, se o número desses extremos exceder um certo limite, toda a natureza da sociedade muda. Se você está trazendo muitos imigrantes do Oriente Médio, acabará parecendo o Oriente Médio.
  10. A a frente de batalha mudou do racismo tradicional para os culturistas.
  11. Terrorismo: Mesmo com morte percentual de número pequeno de pessoas se compararmos com doenças e até acidentes de trânsito os terroristas causam pânico em milhões de pessoas. Para combatê-lo o governo deve se concentrar em ações clandestinas contra as redes terroristas. A mídia deve manter as coisas em perspectiva e evitar o teatro da histeria. Do jeito que está, os meios de comunicação relatam obsessivamente ataques terroristas porque os relatórios sobre terrorismo vendem mais notícia (e audiência) muito melhor do que relatos de poluição. Terroristas mantém nossa imaginação cativa e a usa contra nós. É responsabilidade de cada cidadão liberar sua imaginação dos terroristas e lembrar-se das verdadeiras dimensões dessa ameaça.
  12. Guerra: Hoje, a tecnologia da informação e a biotecnologia são mais importantes do que a indústria pesada quando se trata de guerra. Os principais ativos econômicos consistem em conhecimento técnico e institucional, em vez de campos de trigo, minas de ouro ou até mesmo campos de petróleo, e você simplesmente não pode conquistar conhecimento por meio da guerra.
  13. Humildade: Mesmo os macacos desenvolveram a tendência de ajudar os pobres, os necessitados e sem pai milhões de anos antes que a Bíblia instruísse os antigos israelitas a fazer o mesmo. Humildade não é um dom. É uma escolha.
  14. Deus: A moralidade não significa seguir o que é divino. Mas significa reduzir o sofrimento. Portanto, para agir moralmente, você não precisa acreditar em nenhum mito ou história divina. Você só precisa desenvolver uma apreciação e entendimento profundo do sofrimento.